Entenda a Crise na Europa


 

  Gustavo Miquelin Fernandes


O “Velho continente” é conhecido como o berço de muitas ideias que abalaram o mundo. O conservadorismo de Edmund Burke, em Política, na Inglaterra; o Liberalismo, com o escocês Adam Smith, são exemplos dignos de nota. Também naquele continente, o “Welfare state", no pós-guerra; essa política protetora dos cidadãos, que veio justamente para tentar dar uma resposta aos desassistidos, em razão das grandes guerras e fracassos das políticas econômicas até então implementadas.

Essa política providencial é ainda praticada no continente europeu com tão e mais vigor que dantes.

No debate da crise européia, há vozes que se levantaram pondo a culpa no capitalismo, no neocapitalismo (?), neoliberalismo (?), etc.

Essa política hiperprotetora dos indivíduos, - o Welfare state - praticada pelo Estado-babá ou Estado do bem-estar social é a grande causadora da turbulência européia.

Os países que compõem a eurozona (realmente está uma zona!) se endividaram muito  no exercício dessa providencialismo estatal; especialmente a Grécia que realmente perdeu totalmente o controle de sua contas, em total descompasso com o Tratado de Maastricht, que prevê em seu texto certa disciplina fiscal.

Essas dificuldades governamentais extrapolaram os muros do Estado, chegando ao mercado financeiro, contaminando a confiança dos aplicadores, que começaram olhar com suspeita os títulos governamentais, pondo em xeque a capacidade dos países europeus de amortizarem suas dívidas, em razão desses mesmos títulos.

Assim, num primeiro momento, o endividamento público, principalmente de países como a Irlanda, Itália Portugal, e Espanha foram o estopim da crise.  Lembrando que a UE conta com dezesseis países-membros.

Levemos em conta também a crise americana que resultou no crash de várias instituições financeiras importantes, o que agravou o problema europeu, já que uma medida de saneamento da crise americana era a alavancagem ou injeção de recursos nos países, de modo geral, o que alimentou aquele endividamento. 

Ademais, pela peculiaridade do bloco europeu e sua complexidade, a ausência de um órgão central efetivo e com força política bastante para lidar com essas questões também colaboraram com o problema. Ou seja, a instabilidade política do bloco colabora com a crise.  Vê-se como os grandes coordenadores de uma saída para referida crise, países-membros como Alemanha e França.

Mas a relação dívida/PIB é a mais importante variável para a análise da crise  que grassa naquele continente. O Tratado de Maastricht disciplina assuntos, fiscais, mas houve um descumprimento generalizado desse diploma legal, e como dito, não há um órgão efetivo que pudesse coordenar de modo efetivo a política fiscal, quer dizer, a gastança pública.

A dificuldade para honrar suas dívidas fez com que os investidores passassem a temer possuir ações e títulos governamentais.

Esse ponto é a chave do entendimento. Houve a venda dos títulos europeus e uma migração para títulos mundiais tidos como mais seguros.

Esse temor no mercado financeiro que atingiu investidores e bancos atrapalha a liberação de créditos para projetos de infraestrutura, para setores produtivos, empresarias, ocasionando, em última análise, uma desindustrialização, uma queda no mercado de importação e um hiato na atividade econômica, de um modo geral.

Isso por si só, já e causa bastante do desemprego massivo que alguns países enfrentam; A população desempregada passa a não aceitar as medidas de combate à crise, impopulares que são. 

A crise se espalhou pelo mundo, chegou e atingiu em cheio o Brasil, não há como negar. Apenas analise todos os índices que fecham o panorama de nossa economia, especialmente a leitura do Produto Interno Bruto. E do governo, nenhuma medida efetiva para solução desses problemas, apenas ações paliativas, de curto prazo e estéreis.
 
Marolinha ou furacão?

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